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ZOLA AMARO

(Soprano)

Nome de batismo: Risoleta de la Maza Simões Lopes.

Nasceu em Pelotas, 31 de janeiro de 1890, onde veio a falecer em 14 de maio de 1944.

Seus primeiros professores foram Bandeira e Garbini. Em Buenos Aires, estudou com

o maestro Fátuo. Estreou na ópera como Aída, em Bahia Blanca, Argentina. Venceu

na Itália tendo sido dirigida por Arturo Toscanini no Scala de Milão. Zola foi a primeira cantora sul-americana a se apresentar naquele teatro.

Durante sua carreira, cantou com os maiores nomes da lírica mundial. Brilhou com Beniamino Gigli (La Gioconda) no Teatro Municipal do Rio de Janeiro em 15/06/1920.

Seu repertório: Norma, Aída, Gioconda, Don Carlos, Trovador, Cavalleria Rusticana, Tosca, Ernani, Força do Destino, Ballo in Maschera, Guarani, Condor, Suor Angélica,

entre outras.

No Exterior, além do Scala, Zola Amaro apresentou-se nos teatros Solis, de Montevido, Constanzi, de Roma, Coliseu, de Buenos Aires e Verdi, de Florença.

Sua longa carreira encerrou-se em 1937, com as apresentações da Cavalleria Rusticana e Tosca no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Em 1944 voltou a residir na cidade de Pelotas, onde veio a falecer de morte súbita,

aos 54 anos de idade.

Zola Amaro conquistou o privilégio de ser colocada em pé de igualdade com as vozes célebres do século XX.


A beleza excepcional de sua voz e a intuição de artista compuseram gloriosa legenda que jamais outra cantora brasileira conseguiu suplantar.

No saguão do Theatro São Pedro de Porto Alegre encontra-se uma placa com

a inscrição: “Neste theatro cantou Zola Amaro – 1º-11-1920”.

Reproduzimos, na íntegra, o capítulo que fala sobre ela do livro O THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO: HISTORIAS SURPREENDENTES E CASOS INSÓLITOS, de Edison Veiga e Vitor Hugo Brandalise (Editora: SENAC SÃO PAULO):

"Flores, flores e mais flores. O quarto do hotel em que a soprano Zola Amaro se hospedava, no centro de São Paulo, ficou tão abarrotado das “muitas e riquíssimas corbeilles” enviadas por fãs, que o hall acabou decorado também - naquele outubro de 1919, não houve espaço no quarto para os inúmeros presentes floridos.
O próprio presidente do Estado, Washington Luís, enviara flores naturais, diretamente do palácio dos Campos Eliseos.


- Desde que cantei em São Paulo, vivo entre flores. No Brasil, não tive maiores provas de carinho do que aqui.


Aos 29 anos, Zola Amaro era a grande revelação da música lírica nacional e se apresentava a um público paulistano ávido por conhecê-la. A crítica carioca dissera maravilhas sobre ela, o que levou o Municipal à lotação máxima - durante a tarde, as bilheterias acumularam filas até se fecharem, esgotadas. Em apenas um ano de carreira profissional, a cantora já era consagrada em Buenos Aires, onde realizou sua formação, e no Teatro Constanzi (hoje Teatro Dell’Opera), de Roma. Mais alguns anos e Zola Amaro, gaúcha da cidade de Pelotas, seria a primeira artista brasileira a cantar no Teatro Scala, de Milão, em 1924.


Naquela primeira passagem pela capital paulista, à noite, terminava O guarani, ópera de Carlos Gomes presente em toda temporada lírica, e começavam as homenagens a Ceci: Zola Amaro, a mais aplaudida do elenco.


- Povo culto, plateia admirável. Nunca me esquecerei da gentileza e da generosidade paulistas.

 

Tipo “genuinamente gaúcho”, Zola era mulher “morena, de olhos negros, alta, com o porte solene de uma Juno Tropical”, como descreveu o Correio Paulistano, e tinha a voz cálida, com sotaque característico: por toda a vida, dirigiu ao interlocutor um invariável tratamento “tu”, próprio da terra natal. “Orgulho do nosso país: com apenas um ano de ópera, está ao lado dos mais célebres artistas da Europa”, disse Souza Dantas, o embaixador brasileiro na Itália.


Agenciada pelo empresário Walter Mocchi, responsável pelas temporadas líricas de São Paulo no início do século XX, Zola tinha como especialidade a dificil ópera Norma, de Vicenzo Bellini. Era papel para uma voz potente. O que não impediu o vaticínio que ficou famoso em sua biografia: numa passagem pela cidade de Pelotas, em abril de 1915, a cantora lírica italiana Amelita Galli-Curci profetizou, após ouvir a então dona de casa cantar uma ária: “A senhora será a maior 'Norma' do mundo”.


Três anos depois, ela conquistava as plateias mais exigentes do Brasil e da Europa. No Municipal, apresentou-se em 1919, 1920 e 1924. Na temporada de 1920, o reconhecimento da cantora era tanto que o Correio Paulistano classificou sua apresentação como “acontecimento de caráter nacional”. “Sua voz se tornou mais límpida, mais sonora, impressionante mesmo pelo volume e extensão e pela firmeza na emissão das notas mais altas”, escreveu o jornal, em julho de 1920.


Novamente, as cadeiras de madeira do Municipal, ainda sem estofado, ficaram completamente tomadas - a Gioconda, protagonizada por Zola Amaro, foi “enchente certa” na plateia do teatro. Além da ópera de Ponchielli, por doze dias na capital paulista, Zola apresentou a Valquíria (de Wagner), a Aida (de Verdi) e o Condor, de Carlos Gomes - esta em “noite festiva”, com espectadores curiosos para conhecer a interpretação de Zola do maior autor brasileiro.


Questionada sobre a possível frieza do público paulistano, a cantora respondeu que havia sido alertada. Mas brincou:


- Enganaram-me, não é?


Em 1932, ainda faria uma apresentação menor em São Paulo, sem o mesmo sucesso. Pouco tempo depois, encerrou a carreira. A primeira grande soprano brasileira caíra doente, e teve de abandonar o canto."

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